Menosprezo: A desvalorização das lendas brasileiras

06/09/2012 18:56

 

Foto: Reprodução/RedeTV!

Publicado por  em setembro 5, 2012 as 11:11 pm

Muito se vê na internet e na própria crítica que se diz especializada, perspectivas e menosprezos a lutadores brasileiros e como sempre, gosto de fazer uma comparação até com o futebol, outra paixão nacional.

A diferença entre a pressão imposta entre os esportes é que a coletividade do futebol impera sobre todos os aspectos possíveis, mas mesmo assim, uma vítima da ‘torcida’ pode ser um goleiro frangueiro, um zagueiro perna de pau, ou um atacante que não faça gols.

Já no MMA, se um lutador não está numa boa fase, independente de qualquer problema que aja, se foi uma sorte ou azar do oponente na vitória, se foi um deslize, um erro de estratégia da equipe, um programa de treino aeróbico errado, a falta de gás, isso tudo reflete diretamente não em um nome de um clube, ou academia como mais se formam as equipes, mas sim no lutador.

O brasileiro já tem a mania por si só de idolatrar a cultura exterior, um reflexo comum de um país ainda com resquícios coloniais e submisso aos grandes impérios econômicos, explorado desde seu descobrimento sem moderações e afundado em um mar de corrupção, que prejudica absolutamente e sem dúvida alguma a autoconfiança do brasileiro, que só consegue formar ídolos com uma ajuda constante e massiva dos grandes veículos de massa.

Porém, com a evolução das tecnologias da informação, a democratização do acesso à rede, perfis que eu considero de vítimas da ‘síndrome do underground’ se mantém aflorados. Reflexo inverso do dito anterior sobre a submissão ao imposto midiaticamente.

Entretanto, há uma linha tênue entre a verdade e a mentira, a ‘forçada de barra’ e a valorização principalmente dos atletas brasileiros, independente de modalidades.

Entende-se isso observando o principal ícone da atualidade no MMA, o brasileiro Anderson Silva que compromete-se a ser nada além do maior recordista do maior evento de MMA da atualidade e sem ponderações hipócritas, economicamente o de toda a história do mundo moderno, sem querer menosprezar o PRIDE, que com sua qualidade indiscutível, o qual sou fã, nunca atingiu o nível atual de popularidade do UFC.

Anderson, independente de opiniões pessoais sobre simpatia, se é transparente, legal, chato, falso, verdadeiro ou qualquer outro aspecto , se for analisado friamente em números e qualidade técnica, não temos como nos opor à realidade de que é, se não de todos os tempos, mas da atualidade inicialmente, o maior lutador peso-por-peso do mundo.

Você pode afirmar que Anderson pode ter as 10 defesas de cinturão dele por acaso, ou por que atingiu oponentes fracos, mas vamos combinar que é a mais pura hipocrisia e este não precisa provar absolutamente nada a ninguém, os números, as técnicas, os nocautes e seus oponentes contrapõe a qualquer crítica desse tipo, fundamentada só no aspecto crítico gratuito.

Além de Anderson vamos pensar em outros lutadores, como Rodrigo Minotauro, Junior Cigano, Jose Aldo, Shogun Rua, Lyoto, Vitor Belfort, Renan Barão, Wanderlei Silva, Marco Ruas, Murilo Bustamante, Família Gracie e outros grandes nomes do presente ou passado, vemos sempre opiniões diversas, e todas devem sim ser respeitadas, mas não significa que devemos concordar com essas, que muitas vezes diminuem o esforço e o título adquirido com o suor desses guerreiros.

Além do Spider podemos citar o quão menosprezado Minota foi no  UFC Rio quando enfrentou Brendan Schaub e calou a todos, Shogun sobre Griffin, Lyoto e sua tragetória até o título, Wanderlei Silva no TUF, Vitor Belfort agora contra Jon Jones. A história não muda! Até quando os lutadores precisam continuar provando que merecem respeito pelo seu trabalho? Só quando estiverem com um cinturão envolto ao corpo? Nem assim conseguem manter-se em paz, precisam sempre provar que são bons com algum argumento descontextualizado. Esses nunca faltam.

A história desses homens não merece ser cuspida e escarrada com o desrespeito de muitos que só falam para projetar um ego falho e uma imagem de bom entendedor.

Você deve ter seu lutador preferido, independente da nacionalidade, mas acho que muita gente, sem mesmo ter assistido 10% das lutas das verdadeiras lendas brasileiras, preferem exaltar atletas estrangeiros, aos quais também não acompanharam verdadeiramente suas carreiras, mas mesmo assim teimam em menosprezar os guerreiros que saíram da nossa própria realidade, que lutaram literalmente contra as dificuldades para chegar em algum lugar e chegaram e acabaram por idolatrados em todo o mundo, e a gente reforçando a mesma mania de sempre: a de achar que o que vem de fora é o que vale a pena. A velha história de que a grama do vizinho é sempre mais verde.

No fim das contas, o mundo vê, reconhece, admira. A gente só olha, menospreza, diz que é modinha, mas cria uma crosta de injustiça acerca dos talentos por puro preconceito antinacional, sintetizando o que eu disse, se o popular for bom, acaba por ser ruim, ou por ser popular demais ou por ter algum lá de fora que seja mais popular.

Vamos valorizar os lutadores, brasileiros ou não, ter ídolos de verdade, não só querer aparecer pra mostrar que assiste o MMA antes da RedeTV!.

Depois da popularidade continuam nascendo talentos e discípulos que superam seus mestres. Independente de qual sejam os aspectos econômicos, burocráticos, pseudocorretos, só uma coisa é certa. Atleta rico ou pobre, famoso ou não, de MMA, futebol, polo aquático, tênis de mesa, olímpico, paraolímpico, ou qualquer modalidade, classe ou categoria, merece ter valor. Está lá para ser elogiado ou criticado, mas justiça seja feita, se a mídia brasileira elogiar um lutador, é imposição e manipulação, mas se a opinião pública estadunidense predominar, aaaaaah, ai sim, a sua grama está ficando verde de uma hora para outra, não é?

Que as lendas tenham o que lhes é digno: não babação ou puxasaquismo, mas sim o valor, por mais simples que seja, mas honesto.

Foto: Reprodução/Rede TV!

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